Texto desencadeado pelo "sumiço de Belchior"... Não o Belchior, propriamente dito, mas alguém que fisicamente o lembra. O "alguém" em questão é pai de dois amigos e foi a falsa notícia de sua morte que desencadeou o texto a seguir.
Foram nossos pais que em anos de expectativa e meses de gestação nos preparam para vir ao mundo. Não só nos forneceram condições físicas e materiais para que existíssimos, mas também foram "os primeiros a conter o que há de animal em nós" ("domesticar-nos"), disse alguém em um programa na TV. E foram os pais dos amigos que fizeram o mesmo por eles... E você não precisou fazê-lo.
Os pais dos amigos permitiram que você e seu amigo se conhecessem, quando o matricularam na mesma escola que você e permitiram que seu amigo convidasse você para o aniversário. No caso de amigos de infância, os pais dos amigos viram você crescer e fazer as próprias escolhas. São e foram também nossos amigos, ainda que por alguns segundos, quando nos aconselharam e (às vezes até) reprimiram. Foram responsáveis por você por algumas horas, quando você foi brincar na casa de seu amigo.
O amigo mais velho (não necessariamente mais velho que você e sim mais "experiente" que as crianças) foi influenciado por bons ou maus exemplos dos pais que, com seus erros e acertos, moldaram parte de sua personalidade. Seu amigo aprendeu a rejeitar ou adotar determinados tipos de comportamento que conheceu em casa e definiu sua conduta diante de várias situações. Dividiu com você o sentimento de injustiça devido a experiências vividas em casa e despertou em você o desejo de fazer justiça, ou simplesmente a habilidade de ouvir os problemas alheios e sensibilizar-se com eles. São os pais dos amigos um pouco nossos pais, não só por serem pais daqueles que adotamos como irmãos, mas também por nos receberem em seus lares e dar-nos alguma atenção. E são nossos amigos um pouco nossos pais, na ausência dos mesmos, quando precisamos deles.
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