terça-feira, 5 de abril de 2011

A Corrente do Riso

Há anos vi o filme Patch Adams (O Amor é Contagioso), hoje li o livro. Com prefácio de Robin Williams, texto de Patch Adams e ilustrações do cartunista Jerry Van Amerongen, a obra é um convite à mudança de atitude e à idéia de que o mundo pode melhorar, ainda que poucas pessoas estejam dispostas a contribuir. "Gentileza gera gentileza" é um dos lemas do autor e através dela e da disseminação do bom humor, poderíamos evitar depressão, estresse e boa parte dos males físicos que acometem os seres humanos.



A medicina contemporânea já não ignora a interferência de circunstâncias psicológicas na saúde (física) dos indivíduos. Segundo Patch Adams, alguns profissionais da saúde e membros da indústria farmacêutica preferem tratar de doenças apenas com o uso daquilo que pode ser cobrado ou vendido. Não seria interessante evitar medicamentos que geram lucros a seus produtores. A cultura do pensamento positivo e do otimismo poderia reduzir o número de exames e consultas, que são fonte de poder e capital. O autor critica o sistema de saúde, mas exalta a proatividade e a criatividade como soluções para muitos problemas.

Com sua experiência de "um quarto de século" atuando como médico, Patch Adams aponta a solidão dos pacientes como a principal causa de seu sofrimento enquanto estão em tratamento. É fundamental para a recuperação e o bem estar dos pacientes que família, amigos e pessoas com quem tenham afinidade se façam presentes. Visitas têm grande impacto na auto-estima dos que estão doentes, livrando-os do tédio, da solidão e do pessimismo, ainda que o efeito dure somente o tempo de visita.



Na ausência de pessoas conhecidas ou de maior tempo de convivência com o indivíduo internado, pode-se recorrer às visitas de desconhecidos. O doutor afirma que visitar desconhecidos pode ser uma atividade prazerosa e levar conforto e felicidade tanto ao visitante quando ao paciente. Idosos tendem a ser isolados e a ter menos proximidade com a família, mesmo tendo a mesma necessidade de afeto e de socialização.



Crianças em geral sentem-se desconfortáveis pelo ambiente estranho àquele aos quais estão acostumadas e pela falta de seus amigos, familiares e brincadeiras cotidianas. É importante que brinquedos (de preferência, alguns daqueles que a criança mais gostava quando estava em casa) e atividades de entretenimento possam fazer parte da estadia de crianças no hospital.
No caso de idosos e adolescentes, o visitante deve ter paciência para ouvir e conversar, evitando levar problemas ao paciente. A melhor atitude é a de deixar esperança e otimismo àquele que foi visitado.




E quem é Patch Adams? (Biografia adaptada de http://www.patchadams.org/ , site de seu instituto)

Hunter Doherty Adams nasceu em 1945, membro da geração "Baby Boom", a "geração alternativa", da qual surgiram hippies e outros indivíduos de ideologias marcantes. Filho de uma professora e de um militar, foi criado nos "moldes militares", apesar de sua sensibilidade e personalidade alegre e divertida. Era fã de ciência, matemática, gatos e brincadeiras engraçadas.
Seu pai morreu na Coréia, na guerra, e a família voltou para a Virgínia. Patch tornou-se um adolescente frustrado com um mundo no qual disputas de poder e injustiça sobrepunham-se ao amor e à compaixão. Após três tentativas de suicídio, Patch foi internado em um hospital psiquiátrico. O início do filme Patch Adams retrata esse período.
No hospital, recebendo a visita de amigos e familiares, Patch decidiu que a melhor forma de responder à insensibilidade do mundo não seria deixar de fazer parte dele. Ele decidiu atuar na medicina e nunca mais ter "outro dia ruim".


O bigodinho ao estilo Salvador Dali já indicava uma mente à frente de seu tempo...


Após sua formatura em medicina, Patch e vinte amigos, incluindo três doutores, iniciaram , em 1973, o Gesundheit Institute (em alemão, Gesundheit significa "saúde" ou "boa saúde"). Era uma casa de seis quartos, que funcionava como hospital gratuito vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. O atendimento era feito em qualquer situação médica, "de nascimento à morte". A cada mês, de quinhentas a mil pessoas eram atendidas no Gesundheit Institute, que recebia entre cinco e cinqüenta acompanhantes a cada noite. Em menos de doze anos de existência, ao menos quinze mil pessoas passaram pelo hospital. O instituto promovia dança, jardinagem, bom humor e brincadeiras, aliadas à prática médica. É o primeiro "hospital divertido" do mundo.

Para saber mais sobre o Gesundheit Institute, visite http://www.patchadams.org/




Exportação da idéia: Os Doutores da Alegria



O movimento surgiu com o palhaço norte-americano Michael Christensen, diretor do Big Apple Circus, em Nova Iorque. Em 1986, após uma apresentação em um hospital na mesma cidade, Michael pediu para visitar os pacientes internados, que não puderam participar do evento. Na nova apresentação, substituiu as cenas de internação por outras mais alegres e engraçadas. Desse ato, surgiu o embrião do que mais tarde seria denominado Clow Care Unit (marca registrada, que pode ser traduzida como "Unidade dos Palhaços Cuidadores"), grupo de palhaços especializados em trabalhar com crianças em hospitais.

Doze anos depois, Wellington Nogueira juntou-se à trupe, e ao voltar ao Brasil, em 1991, quis tentar algo parecido. Ex-colegas levavam o projeto à França (Le Rire Medecin, ou "A Medicina do Riso") e à Alemanha (Die Klown Doktoren, ou "Os Palhaços Doutores"). Em setembro do mesmo ano, os Doutores da Alegria iniciaram suas atividades no Hospital e Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (atual Hospital da Criança), em São Paulo.



A organização, sem fins lucrativos, faz aproximadamente setenta e cinco mil visitas por ano, a crianças internadas em São Paulo, Recife, Belo Horizonte e no Rio de Janeiro.



Para conhecer melhor os Doutores da Alegria, acesse: http://www.doutoresdaalegria.org.br/



O amor é mesmo contagioso e eu me apaixonei pela idéia.

2 comentários:

  1. Patch Adams, em sua entrevista, disse que quando uma pessoa nos visita em nosso lar, sempre pedimos para que se sirva primeiro, só comemos quando sabemos que todos estão servidos. É disso que necessitamos para um mundo melhor. Patch completou dizendo que teríamos que fazer uma greve de fome mundial. O mundo inteiro não come enquanto a Africa, ou qualquer outro, não esteja com comida na mesa! Essa é uma forma de enxergar o que realmente necessitamos... SOLIDARIEDADE!

    Eu conheci grandes palhaços, inclusive o Marcos Casuo... E percebi que todos têm uma coisa em comum... A solidariedade. Portanto, são os palhaços quem têm a chave para um mundo melhor!

    Qualquer dúvida de como fazer parte disto, podem entrar em contato comigo, eu sou palhaça e estou organizando equipes de palhaços para visitas em hospitais e trabalho voluntário!

    Obrigada!

    fera_rocknroll@hotmail.com

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  2. Oi quirida sou palhaço tbm tenhu um grupo gostaria de unir-mos a vcs e ter mais informações sobre seu trabalho... Allan Corrêa Almeida no face: http://www.facebook.com/allan.fisioterapia?ref=tn_tnmn .... esse eh meu grupo fisio alegria no face tbm : http://www.facebook.com/profile.php?id=100002669558528&ref=ts

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