quarta-feira, 22 de junho de 2011

Seis cordas bambas

E foi assim que começou, como disse em texto anterior.
http://demielina.blogspot.com/2011/03/ha-quinze-anos-minha-primeira-banda.html



A paixão surgiu cedo, muito antes da coordenação motora necessária ou do tamanho de mãos mais propício à arte de (tentar) tocar. Parecia muito mais fácil, ao ver meus heróis tocando. Mas não era tão simples: envolvia paciência e dedicação, coisas que sempre (ou quase sempre) me faltaram. As aulas de guitarra, orgulhosamente inciadas aos nove anos de idade, eram divertidas e interessantes. Mas não eram o suficiente para que eu, sem ao menos praticar o que me era pedido, aprendesse a harmonizar os barulhinhos desconexos emitidos pelo instrumento, a partir de mãos e ouvidos inexperientes. Era preciso mais. Era preciso empenho.



E por falta dele, parei. Uma vez, aos onze. Aos catorze, quis voltar. Veio o primeiro violão, depois a primeira guitarra. Paga à vista, com minhas economias de mesada. E em uma escola de música próxima à minha casa, conheci quem passaria ao menos dois anos tentando me ensinar a emitir sons dignos de guitarra, e mais do que isso: estimular -me a praticar o que se deveria aprender, fora das aulas.
Mas não. Se a paciência e a dedicação diária não faziam parte da infância, seriam ainda mais escassas na adolescência. As aulas eram apenas diversão, troca de idéias e a passagem (inconformada) de exercícios e músicas pelo meu instrutor, que sempre me recomendava estudos.
O tempo passou e sua disponibilidade diminuiu. Houve novos objetivos, estudos de vestibular (tanto meus quanto do professor). Ele ingressou na faculdade de música, em outra cidade. Anos depois, me mudei pelo mesmo motivo: graduação (no meu caso, não concluída). Houve novas mudanças, até que eu parasse na terra do cavalo crioulo, onde pagode e músicas sertaneja e gaúcha são predominantes. E com o afastamento da cidade anterior, do rock e de tudo o que permeava minhas influências sonoras e positivas, veio a vontade de trazer de volta o que causava saudades.
Decidi voltar a tocar. Melhor dizendo: aprender mesmo a tocar. Missão ainda não cumprida, perfeitamente, mas já razoavelmente encaminhada. A ignorância quase total foi substituída pela memorização de cifras (algo que ainda não tinha realmente despertado meu interesse). Aos poucos, surgiram movimentos mais cadenciados, ruídos menos desagradáveis e um prazer viciante. Algo que se faz sozinho, mas no qual parece haver harmonia com uma realidade maior. Uma meditação, ausência momentânea de pensamentos (incessantes em vários momentos do dia). Exercício, terapia e a idéia de estar evoluindo, desenvolvendo uma nova habilidade. Tão simples que se torna complexo descrever em palavras.
Não tão complexo quanto o equilíbrio na corda bamba. Até porque as cinco cordas a ela somadas trazem conforto e tranqüilidade. É a arte que faz espetáculos, mas que pode aos poucos ser aprendida, sem dor, apenas para o entretenimento individual.

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