domingo, 14 de agosto de 2011

Aos Pais



O primeiro lar, a primeira (e mais importante) luta pela vida. Um encontro entre duas pessoas promoveu um encontro entre gametas. “Filhos feitos de amor”, disse Tony Garrido. O amor é capaz de gerar uma família.

E mantê-la. Adaptar-se à nova rotina, de tarefas nem sempre tão agradáveis. Se perpetuar a espécie fosse tarefa fácil, não precisaria ser recomendada na bíblia. E são essas tarefas que acabam preenchendo boa parte do tempo destinado às paixões da juventude. O bar e o futebol com os amigos saem de cena para a vinda de atividades lúdicas. A vida se torna tão pacata quanto agitada. Aí surgem novos hábitos e preferências, tanto pelo tempo dedicado às novas atividades quanto pelo tempo que passa e modifica a mente e o corpo. O cinema é gradativamente substituído pela televisão e os jantares românticos tornam-se mais escassos em detrimento dos lanches e pizzas em família. Surgem preocupações... com estudos, planos de saúde, previdência, aposentadoria, finanças, aluguel.

Mas, de algum modo, aprende-se a amar tudo isso. Aprende-se novamente a brincar e a apreciar a magia de coisas antes despercebidas. A partilhar da visão das coisas de quem as observa pela primeira vez. A ensinar e perpetuar antigas brincadeiras, como empinar pipa e jogar pião e futebol de botão. E em algumas situações, como no ensinar a andar de bicicleta (com quedas e joelhos ralados), mostrar (e lembrar) o valor da coragem e da perseverança. Do levantar após cair, ainda que uma nova queda seja iminente, como quando um pequeno ser humano dá os primeiros passos na direção de braços maiores, mais fortes e abertos.

O que antes era banal, torna-se novo: palavras e gestos são expressos pela primeira vez pelo recém chegado ao mundo. São assim tão simples quanto especiais. Acompanhar o progresso de um novo ser pode ser entendido como um privilégio, do qual nem todos têm a coragem e a sensibilidade para desfrutar. Já dizia um geneticista, pais de crianças especiais tornam-se pais especiais.

Para o filho, o que antes era novo, torna-se banal, como aquelas frases e provérbios... Todo pai tem as suas citações favoritas, que invariavelmente se repetem. O tempo passa vêm o tédio e a rebeldia da adolescência. Por mais que sejam amados, os filhos sempre crescem e percebem que os adultos, incluindo os pais, não são perfeitos. Mas nem por isso deixam de ser heróis.

Às vezes é preciso ficar só. O anseio por privacidade e as obrigações com o mundo externo ao lar muitas vezes levam a certo isolamento. Mas é ele que nos ensina a sentir saudades. A pensar com carinho naqueles que amamos e a valorizar o tempo de convivência.

“Um homem deve ser belo aos 20, forte aos 30, rico aos 40 e sábio aos 50” (Provérbio árabe). Ser pai é com certeza uma forma de adquirir sabedoria: a casa clama sempre por novos consertos e os arranjos tão criativos e improvisados que só os pais sabem fazer.

Apesar de todo o trabalho e as dificuldades para criar e manter uma família, a felicidade é perpetuada com sua existência. Enxerga-se prazer em coisas simples, como saber que a prole está bem. E sempre inventar uma nova forma de se divertir, com ou sem sua companhia.

Feliz dia dos pais!

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