terça-feira, 2 de agosto de 2011

Muro das Lamentações



Iniciou-se o Ramadã, mês de jejum dos muçulmanos, período destinado também a muitas orações e mais atenção às escrituras sagradas (no caso, Alcorão). Mas você, pessoa distinta e culta (obviamente por fontes de conhecimento diferentes deste blog) percebeu que o texto não é relacionado à cultura islâmica, e sim a uma peculiaridade judaica: o muro das lamentações.

Uma breve história do muro: Resto (i)mortal do segundo templo judaico destruído (construído em substituição ao primeiro, literalmente derrubado por opositores, os babilônios). O muro teria "sobrevivido" porque os romanos, sob o comando de Tito, teriam deixado a relíquia como forma de lembrar os judeus da destruição de seu segundo templo. Talvez por sua origem "destinada" a lamentações, o muro tornou-se local de peregrinação para os judeus, que tradicionalmente depositam papéis com pedidos nas fendas entre os tijolos. No local também são realizadas orações.



Lembrando Pink Floyd, em "Another Brick in The Wall", o sistema (não só o educacional) tenta atribuir padrões às pessoas, talvez apenas por questões de registro e organização. Já dizia Raul, "quem não tem papel dá o recado pelo muro" (verso de uma das versões da música "Como Vovó Já Dizia") e "eu também vou reclamar" (é, fui dominada pela vontade de reclamar, sem que isso se torne reclamação de outra pessoa. Logo a reclamação não será feita ao vivo e sim aqui pelo blog mesmo).
Eis que fiz do texto a seguir o meu "muro das lamentações".



O relógio nas mãos de Raulzito, na imagem, já lembra algo incontrolável, porém controlador: o tempo. Claro, poderia me organizar melhor e controlá-lo (ainda que ligeiramente), mas a atividade foge à minha natureza de procrastinação. A primeira reclamação teria a ver com procrastinação, estudos e o posterior arrependimento. Contudo, falar sobre o tempo me lembra de que "não temos tempo a perder". Possivelmente, a pior forma de desperdiçar o tempo é usá-lo para reclamar. Portanto, tal qual o Muro de Berlim, meu muro das lamentações há de ser demolido, ao menos momentaneamente, em meus pensamentos. Sem que sua história desapareça, pois apagar o texto seria ago digno de mais uma (e só minha) lamentação.

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