quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Reitoria e mídia ocupadas



A atuação de policiais no campus da USP – Universidade de São Paulo – divide opiniões... Entre os próprios alunos e poucos indivíduos que buscam uma versão dos fatos diferente da relatada pela maioria dos jornais. Várias pessoas não têm divergências de opinião, já que aceitaram a visão pré-fabricada por determinados meios de comunicação: Taxaram de “vagabundos” e “maconheiros” os manifestantes, sem ao menos tentar descobrir as causas dos protestos e confrontos com a polícia. Claro, eu também não estava lá nos dias em que tudo aconteceu, mas creio que seria interessante fazer algumas considerações.

A “incompatibilidade” entre o movimento estudantil e os policiais é antiga, tendo sua maior expressão no período da ditadura militar. A época é referência para o ativismo de hoje, constantemente interpretado como “rebeldia sem causa”, já que aos olhos de muitos a democracia e a liberdade de expressão já estão devidamente estabelecidas e não há razão para ações tão contundentes.

Atitudes nos protestos nem sempre são condizentes com os ideais pregados: a democracia e a liberdade defendidas são “postas à prova” quando ocorre a depredação do patrimônio público ou a “libertinagem” em relação às substâncias consumidas no campus. Ideologias libertárias e propostas de novas políticas quanto à descriminalização das drogas (por exemplo) tornam-se pretexto para que limites de conduta em ambientes públicos sejam testados. Tais excessos, como o vandalismo, podem ser pretexto para ações mais rígidas por parte de administradores e governantes. O anseio por mudanças, se expresso de forma irresponsável, pode lesar conquistas anteriores dos alunos e lesar a liberdade nas dependências do campus: a presença policial, antes com o intuito de evitar furtos e assaltos, pode começar a inibir também debates e conversas potencialmente subversivas, num ambiente que deveria ser livre para qualquer discussão, sob a alegação de que manifestações assolam a estrutura do campus, (financiada por dinheiro público).

A polícia militar (teoricamente) foi direcionada às instalações da universidade para diminuir a violência (incluindo assassinatos, como o de um estudante de economia, em maio deste ano). Segundo alguns alunos, há abusos por parte de policiais, como a abordagem de estudantes deitados nos gramados ou a revista de trabalhadores que “olham feio” para os policiais, ao andarem pelo campus. Professores da instituição também não estão imunes a procedimentos semelhantes.

Professor Luiz Renato Martins apóia a ocupação da USP
http://www.youtube.com/watch?v=8MTAcnr-LaQ&feature=share

Apesar dos excessos cometidos pelos estudantes, seria justo dar-lhes a chance de explicar as causas da revolta, freqüentemente atribuída somente à luta pelo direito de consumir entorpecentes nas dependências da universidade. Além disso, enfrentar a tropa de choque oferece riscos como o contato com sprays de pimenta, balas de borracha e cassetetes. Seria o direito de fumar maconha na USP o suficiente para impelir a permanência no prédio da reitoria? Ou há mais razões para os pedidos de negociação quanto ao policiamento no campus e a substituição da polícia militar por uma “guarda treinada”, sendo a detenção de usuários o “estopim” da revolta?

"O uso de drogas nunca fez parte da pauta do movimento"
http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2011/11/entenda-ocupacao-feita-por-alunos-em-predios-da-usp.html

É pertinente buscar informações em fontes distintas, para que as conclusões não surjam apenas de uma das versões dos fatos. Já dizia a publicidade da Pepsi: questione!

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