quinta-feira, 3 de março de 2011

Roda Viva




"...A gente quer ter voz ativa e em nosso destino mandar, mas eis que chega a roda vida e carrega o destino pra lá". Não pára a rotação da terra, continua a passar a roda de Samsara. Ocorre um Bhagavad Gita diário, para que não se perca o caráter e a vontade de viver.

Bob Marley, em sua Redemption Song (Canção de Redenção), afirma que ainda que os "piratas antigos", que deram aos nativos uma mentalidade de escravidão (que persiste), possuam bombas atômicas, estes são incapazes de parar o tempo. Assim, não deveria haver medo de mentalidade de liberdade.


"O tempo não pára". Segundo o oráculo I Ching, "A única constante é a mudança." Samuel Rosa afirma que "O solo não está mais fixo em nenhum lugar / hoje pra ninguém", em uma das músicas de sua banda.
Por essa razão, é preciso manter-se ativo, conquistas precisam ser mantidas diarimente. Tal qual a Terra, a Roda de Samsara e os ponteiros de um relógio, é preciso caminhar sem parar, ainda que o trajeto pareça o mesmo. As circunstâncias insistem em se renovar a cada segundo.
A mesma natureza dinâmica que traz novas situações difíceis e problemas a serem resolvidos, traz também novas soluções e possibilidades. Por isso, a esperança e a persistência naquilo que se acredita, aliadas a uma atitude proativa, devem ser mantidas. Água mole em pedra dura, tanto bate... Até que dela alguns conseguem tirar leite. Até que ela sai do caminho e não se acumula a outras, tornando-se um obstáculo maior. Assim como uma criança insiste em aprender a andar, apesar das quedas, precisamos continuar a olhar para frente e seguir.
Não há patrimônio adquirido que não possa ser perdido. Não há amor que dure eternamente, sem que haja para isso uma constante dedicação das pessoas envolvidas. Não há conhecimento que não se torne ultrapassado ou ferramenta que não se torne obsoleta. A sina do ser humano e de todas as espécies é evoluir. Para essa evolução, surgem oportunidades todos os dias, mesmo aparentemente sejam apenas punições ou formas de não se desejar nada. Mas por mais extenuante que seja uma conquista (e sua manutenção), não há motivo para não buscá-la. Negar os próprios sonhos de modo algum significa que haverá menos frustações ou maior estabilidade.
É preciso peregrinar em busca do próprio alimento, como fizeram nossos antepassados. Exigir os próprios direitos, como fizeram os que viveram durante a ditadura. Batalhar diariamente pelos próprios interesses e pelos interesses alheios. Devemos lutar pela qualidade de vida daqueles que ainda estão por vir, além de zelarmos pela própria situação e daqueles que dependem de nós. Sejam esses futuros guerreiros do mundo adulto ou heróis condecorados, cujo curpo já não tenha o mesmo vigor.
Há quem diga que a natureza é perfeita. Pode não ser, mas ainda que não seja, é um sistema construído de forma a não parar. A cada dia, céluas nascem e antigas são destruídas. Materiais circulam e tornam-se peças para a formação de outros. A manutenção da própria saúde envolve processos que nunca deixam de ocorrer durante a vida. Até o corpo em que vivemos tem necessidade de cuidados para sua preservação e um melhor desempenho. Mesmo cadáveres e fezes, que poderiam ser consideradas absolutamente inúteis, são aproveitados posteriormente por outras formas de vida.
É incoerente desejarmos que o sistema opere, não haja queda de qualidade nos serviços e as outras pessoas desejem trabalhar por um mundo melhor, se nós mesmos não quisermos nos submeter às incessantes tentativas e erros. Ninguém gosta de ser mal atendido ou perceber que o profissional solicitado não está disposto a ajudar, ou faltam-lhe os conhecimentos para o procedimento a ser realizado. Conhecimento que deveria ter sido adquirido em uma formação anterior, por anos de estudo ou atualizações curtas. Não se pode esperar do mundo que ele esteja disposto a cooperar, se nós mesmos nos acomodarmos perante o conforto já obtido e as dificuldades de continuar enfrentando desafios.
A roda é considerada a maior invenção da humanidade. Sua característica mais importante é de permitir o trajeto do que se deseja mover. A partir da roda, surgiu o aro da bicicleta, veículo que não tem equilíbrio quando parado. O aro é visualmente semelhante à roda de Samsara, ou roda da vida, que com suas vinte e quatro linhas internas, lembra o ser humano de que ele deve ser bom nas vinte e quatro horas de seu dia. Mas a roda precisa de propulsão para girar e mover as engrenagens dos sonhos, que se não se tornarem realidade, ao menos inspiraram uma vida. É missão de quem está vivo continuar a fazer o mundo girar.

2 comentários:

  1. Não acredito que ser uma prostituta seja algo que podemos "aplaudir". Creio que a sociedade é muito mais que regras, e as regras são criadas para controlar, por ordem, proporcionar liberdade, felicidade e amor.
    Nos dias que vivemos está tudo confuso, os valores mudaram, exemplo disso é que uma mulher que teve GRANDES oportunidades ( em ser professor, medico, cientista etc), por ser de uma familia rica e por ter possibilidades de mudar um mundo que precisa de ajuda, resolveu ser PROSTITUTA, sinceramente O QUE ELA PODERÁ ENSINAR para o FUTURO dos jovens? Serem iguais a ela, por esses e outros motivos, crianças estão sendo traficadas para outros países para servirem de objeto sexual de "PESSOAS" que desejam "LIBERDADE".
    Será que as mães desse Brasil podem tomar o exemplo dessa "artista - prostituta" e falarem:
    Olha minha filha, não precisa estudar, ou se você quiser PODE SER PROSTITUTA, é melhor para o seu futuro.
    Com todo respeito ao seu comentário, mas não creio que seja algo CORRETAMENTE moral para defender. Existem coisas mais importantes para você comentar e defender.
    Veja ao seu redor, na cidade onde você mora tem ocorridos casos tristonhos para o nosso Brasil.
    Ordem e Progresso - É o lema deste país.

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  2. A discussão é importante, o objetivo do blog é esse, mesmo que as opiniões manifestadas não sejam de acordo com as minhas. Mas eu prefiro que fiquem no texto adequado (no caso, o anterior a esse, que se trata do filme Bruna Surfistinha).
    Acredito que a tentativa de sobrevivência em um mundo predominantemente dependente de dinheiro é digna de aplausos. A prostituição é muitas vezes uma alternativa de se conseguir dinheiro de forma fácil e rápida, o que (convenhamos) profissão nenhuma que não dependa de sorte poderá proporcionar a pessoas de pouca instrução. Se o filme tem uma "bandeira", ela é a de respeito por todas as pessoas, mesmo que os caminhos trilhados por elas sejam opostos aos valores pregados pela sociedade. Prostitutas mostradas no filme não roubam seus clientes, nem obrigam ninguém a estar com elas. Logo, não cometem crimes (até porque adultério já não é uma "infração" pelo novo código civil, o qual poderia representar a moral vigente na sociedade) e não deveriam ser maltratadas (como se fossem criminosas). O filme não faz apologia à prostituição, apenas mostra o drama de quem vive dela. Como a personagem principal afirma, foi uma escolha para conseguir sua independência, portanto não devemos sentir "pena", mas devemos respeitar.
    A "ordem e progresso" da qual você falou começará quando as pessoas julgarem menos e respeitarem mais.

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