quarta-feira, 13 de julho de 2011

Dia Mundial do Rock

Para mim e tantas outras pessoas, todo dia (ou quase) é dia do rock. Mas a data de hoje é uma alusão há um evento ocorrido em 1985, o Live Aid, organizado por Bob Geldof. O cidadão em questão tinha uma vida "confortável", até que um dia, às vésperas do Natal, assistindo à TV em sua casa, viu um documentário sobre a situação de grande parte do povo africano. Perguntou-se "Do they know it's christmas?" ("Eles sabem que é Natal?"). A partir daí, passou a dedicar-se à causa social, usando o rock como forma de chamar a atenção do público e arrecadar fundos. Com maior repercussão, o evento foi repetido em 2005, denominado Live 8, instituindo em 13 de julho o dia mundial do rock. Convenhamos que um aniversariante de mais de um quarto de século é digno de homenagens.



Bem mais antigo, o rock surgiu no final da década de 40, pós segunda guerra mundial, possivelmente uma resposta agressiva a um sistema ou uma tentativa de politizar e conscientizar os jovens. Influenciada por música clássica, jazz, blues e música country, o rock seria uma forma menos "dramática" (do blues) e mais "dançante" (que o jazz) de expressão de idéias "revolucionárias", ou tradutoras do comportamento e das necessidades dos jovens. Apesar de toda a fama dos Beatles e do título de "rei do rock" de Elvis Presley (perdido em 2007 para Freddie Mercury, vocalista do Queen, em pesquisa realizada pela revista inglesa "Q"), o rock surgiu por meio de artistas (relativamente) pouco conhecidos: Chuck Berry (autor da máxima: "por que os jovens gostam de rock? Porque os pais não gostam, é claro!")...

Chuck Berry - Johnny B. Good
http://www.youtube.com/watch?v=Kew3Xx6e8-I&feature=related

E o ainda menos conhecido Little Richard, que como muitos negros americanos, teve sua iniciação no meio artístico com a música gospel. Era o terceiro de doze filhos e já em sua adolescência começou a se interessar por blues.

Little Richard - Long Tall Sally
http://www.youtube.com/watch?v=QFL047fmsgg

O estilo musical surgiu nos subúrbios estadunidenses. Aliado às questões raciais que permeavam a mentalidade da época, esse foi mais um fator para que o rock não fosse tão bem aceito inicialmente. "Suspicious minds" ("mentes desconfiadas") impediram o sucesso imediato dos artistas e a popularização do ritmo só ocorreu nos anos 50, com a ascensão de Elvis Presley, o "bonitão" polêmico, pois "dançava como negros".

Elvis foi descoberto por acaso. Chegou a atuar no exército e a trabalhar como caminhoneiro. Certa vez, para presentear sua mãe, gravou um compacto em que cantava. O responsável pela gravação interessou-se pelo rapaz e convidou-o para gravar mais músicas, incluindo as dos "pais do rock".

Elvis Presley - Blue Suede Shoes
http://www.youtube.com/watch?v=Bm5HKlQ6nGM



A década seguinte trouxe ao mundo o quarteto mais famoso de Liverpool: The Beatles. Poderia ser uma "boy band" qualquer, não fosse a qualidade de suas músicas, respeitadas até hoje de forma quase unânime. A "beatlemania" chegou a ter mais impacto que o sucesso de Elvis. Os rapazes cantaram por todo o mundo e chegaram a fazer adaptações de suas músicas.

Adaptação de "She Loves You" em alemão ("She Liebt Dich")

http://www.youtube.com/watch?v=Y4WXHpkKkDA&feature=related

Paul McCartney continua ativo, como músico e ativista. Como ele, outros "veteranos do rock" ainda fazem sucesso:

O também inglês e nascido na década de 60, The Rolling Stones.



Apenas Mick Jagger (vocalista) e Keith Richards (guitarrista) são da formação original da banda. "I'm too old for rock 'n roll, but I like it" ("sou muito velho para o rock n' roll, mas gosto", já dizia a letra de "I Like It", da mesma banda).

E os "sobreviventes" do glam rock (do qual fizeram parte os britânicos Mick Hucknall, vocalista do Simply Red, e David Bowie)...





A Banda de hard rock nova-iorquina "KISS".

Talvez mais conhecida pelo visual que pela produção sonora, a banda conseguiu manter o anonimato, apesar do sucesso, devido ao uso de maquiagem "pesada", a qual foi inspirada em preferências e características de cada um dos músicos: Paul Stanley (vocalista, guitarrista rítmico e fundador) desejava ser um astro do rock, portanto adotou uma estrela. Gene Simmons (baixista, vocalista e o outro fundador) gostava de filmes de terror e preferiu uma aparência "assustadora". Os demais integrantes entraram na banda por um "processo seletivo" (entrevistas). Segundo relatos, Ace Frehley tentou furar a fila e estava tão "maltrapilho" que só não foi confundido com um mendigo porque portava uma guitarra. Teve sucesso na entrevista e conseguiu "vaga" como vocalista e guitarrista solo. Por seu comportamento "disperso" e distraído, escolheu "produzir-se" como "Space Man" ("homem do espaço"). O baterista Peter Criss foi aceito por concordar com a proposta de aparecer no show em trajes femininos, se lhe fosse pedido. Por gostar de felinos, escolheu o visual de "homem gato" (Catman). As apresentações do grupo incluem "pirotecnia" e efeitos especiais, além da aparição da língua de Gene Simmons.

No Brasil, bandas como Titãs e Capital Inicial abandonaram seu estilo punk dos anos 80, para uma produção sonora mais "popular" no fim dos anos 90.





A ascensão do rock nacional, nos anos 80, foi uma resposta ao período da ditadura. Oposta aos hits "comportadinhos" da Jovem Guarda, surgiu a cena punk no rock nacional. "Garotos Podres", "Plebe Rude" (com o hit "Até Quando Esperar?"), Vírus 27, Lobotomia, Cólera tornaram-se conhecidos. Houve também o rock menos "underground", que (talvez por não vir tão "de baixo", conseguiu ascensão mais rápida) teve maior aceitação do público, composto por Ultraje a Rigor, Barão Vermelho (com Cazuza), Legião Urbana e Os Paralamas do Sucesso.

E como disse Ozzy Osbourne, "enquanto houver jovens revoltados, haverá rock". Seja ele punk, hard, progressivo ou de outra vertente. Happy rock? Esse eu prefiro não chamar de rock, pois é destituído do caráter subversivo e de politização do gênero. "Tocar Raul" ou tentar driblar "something in the way" ("algo no caminho") para ouvir Nirvana pode ser uma alternativa. Mas para não "viver do passado", é preciso buscar inspiração e "novidades sonoras", como tão bem fizeram Little Richard e Chuck Berry.

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